Nas últimas décadas, com o avanço das tecnologias de comunicação, a escala local tornou-se importante foco de práticas e ações sociais das mais variadas. Esta tendência ao reconhecimento da importância do local e de seu significado particular é, em verdade, o outro lado do processo de globalização. É neste movimento que as experiências de desenvolvimento local buscam estratégias adequadas de inserção positiva das especificidades do lugar num conjunto mais amplo de atividades.
Assim como os arranjos produtivos locais (APL), que se referem à otimização da economia local através da integração apropriada de componentes que podem participar de uma mesma cadeia produtiva, também o Bairro-Escola, na perspectiva de um arranjo educativo local (AEL), busca articular potenciais e recursos territoriais em torno de uma mesma finalidade: a educação integral.
O Bairro-Escola propõe uma integração das várias famílias e demais organizações educativas de um território, estabelecendo relações de confiança e apoio recíproco. Trata-se de um esforço em transformar o território em uma comunidade de aprendizagem onde todos participam, podem aprender e ensinar. Compreende-se assim que a educação não é tarefa única da escola, mas responsabilidade conjunta de todos, e que também ela não é restrita às fases da infância e juventude, mas um processo formativo e de aprendizagem que acompanha o sujeito ao longo de toda sua vida.
A construção de redes educativas territoriais cria condições adequadas para a prática da educação integral, uma educação que não se limita ao espaço escolar e possui uma visão integradora e sistêmica do processo de formação e transformação dos sujeitos. Por isso, os arranjos educativos locais não são simplesmente a soma de ações isoladas, mas o resultado de um plano pedagógico integrado do bairro. A articulação orientada de diferentes atores, recursos e espaços educativos situados num mesmo território permite não só o estabelecimento de alianças e canais de comunicação entre as diversas esferas de vida do sujeito, mas possibilita, principalmente, um aumento e uma diversificação significativa das ofertas educativas disponíveis.
O Bairro-Escola não é um modelo fechado, localista e desvinculado de políticas públicas nacionais, mas uma proposta de política educativa cuja realização depende fundamentalmente das condições econômicas, políticas, culturais e territoriais de cada lugar. É da trama tecida pelas especificidades locais com as políticas públicas que se dá o bairro-escola.
Assim, as redes sócio-educativas, bem como as experiências de educação integral que elas propiciam, podem ser altamente diferenciadas, pois variam de acordo com a dinâmica e a realidade particular de cada contexto.